terça-feira, 28 de setembro de 2010

A (in)capacidade de pensar
Por Desirée Fagundes


Você já parou para pensar que no mundo existem hoje pouco mais de 6,5 bilhões de habitantes? Esta população está distribuída de forma muito desigual na superfície terrestre. Os seis países mais populosos do mundo são China, Índia, Estados Unidos, Indonésia, Brasil e Paquistão que totalizam 3,3 bilhões de habitantes, mais da metade do total mundial conforme Gilles Pison, demógrafo do Ined (Instituto Nacional de Estudos Demográficos – França).
De cada cem pessoas que vivem no mundo, 61 estão na Ásia, 14 na África, 11 na Europa, 9 na América Latina, 5 na América do Norte e menos de 1 na Oceania.

As disparidades afetam também a expectativa de vida, que é de apenas 36 anos no Zimbábue, enquanto no Japão (que ocupa o primeiro lugar da lista), chega há 82 anos.
Estima-se que em 2050 seremos entre 9 ou 10 bilhões de pessoas habitando no planeta Terra.
Falando em termos numéricos, este já nos parece um número bastante razoável. Pensemos então nas implicações que isto causa para o Brasil, por exemplo. Conforme projeções do MAI (Ministério de Apoio de Informação – www.mai.org.br) cujos dados para projeção baseiam-se no censo demográfico do IBGE de 1991 e 2000, somos quase 200 milhões de brasileiros em 2010 (o censo demográfico será realizado neste ano). Considerando que somos o 5º maior país do mundo em extensão territorial (8.514.877 km²) e temos enfrentado um número crescente em termos populacionais, a grande questão deste crescimento repousa no fato de, não somente termos espaço para tantas pessoas, mas, principalmente, no fato de evidenciarmos se as pessoas que estiverem em nosso território, terão qualidade de vida no mínimo aceitável.
O crescimento populacional exige planejamento, palavra tão esquecida em nossos dias. A questão deste crescimento repousa, portanto, em duas questões: onde e como, ou seja, onde esta população habitará e como fará para subsistir.
A questão “onde” nos remete à lembrança de posse de terras. Existem em nosso país grandes porções de terra improdutiva concentradas nas mãos de poucos. Boa parte do território nacional é ocupada por pastos que não possuem animais, onde não se planta ou colhe e onde são promovidas queimadas inadequadas para “limpeza do terreno”. Seria essas terras a solução para a questão habitação? E ainda que fossem de onde viriam os recursos para construção de moradia bem como todas as questões básicas para uma habitação? Claro, você responderia, da terra, mas, de onde viriam os recursos para trabalhar com a terra como sementes, ferramentas e maquinários? Não quero entrar na questão da reforma agrária do nosso país, mas tendo em vista um crescimento populacional e tentando responder a questão “onde”, é necessário que pensemos nestes pormenores.
Outra resposta a essa pergunta é o que já vemos nos grandes centros urbanos. Com a impossibilidade de adquirir essas vastas terras, a solução é formar um aglomerado de casas inacabadas ou quase que por cair, em áreas “improdutivas” das cidades, formando aglomerados de “casas” sem se saber onde está sendo edificado um lar. Um grande exemplo disto é o ocorrido no Rio de Janeiro em abril de 2010, onde várias casas foram soterradas em Niterói e em outras regiões por ocasião das chuvas. O que dizer então do que acontece nos meses de dezembro a fevereiro em São Paulo onde todos os anos, famílias perdem o pouco que tem por conta das enchentes? Isto nos faz entrar na segunda questão, “como”?
O aumento populacional gera caos nas áreas sociais e ambientais. Vejamos, além da questão das enchentes dos grandes centros urbanos que são produzidas pelo acúmulo de lixo que por sinal são produzidos por pessoas onde o governo, responsável pelo tratamento destes resíduos, não alcança sucesso em sua função resultando, portanto no entupimento das vazões de água provocando enchentes. Pensemos nos carros. Muitas vezes penso que existe no mundo mais carros do que pessoas. Grandes congestionamentos, grande quantidade de dióxido de carbono lançado no ar. Fora a parte das indústrias e fábricas, necessárias para a resposta do “como” que estamos procurando. Sem emprego não há como essa população viver de maneira aceitável, que é o que estamos propondo. Sem dinheiro, sem trabalho, sem meios de locomoção a população não encontrará condições aceitáveis de vida.
Será que com o aumento populacional ocorrerá escassez dos recursos naturais que promovem a manutenção de nossas vidas? Se temos dificuldade em pensar em respostas a estas questões em nosso país, imagine se pensarmos em proporção mundial. Por isso termos como sustentabilidade em nossa geração, têm sido levantados com muita seriedade. Embora a expectativa seja a desaceleração do crescimento populacional em relação ao século XX, pessoas vão continuar nascendo. E se esta questão não for pensada em nossa geração, se não nos atermos a um planejamento bem elaborado agora, a próxima geração sofrerá terríveis consequências e, lembrando, que esta será a geração dos nossos filhos.
Em meio a este emaranhado de questões, é chocante perceber que notícias como: “'A Fazenda 3' terá menos regalias“, ”Melina será suspeita de matar Diana em "Passione", “Novo amor de Julinho, de "Ti-ti-ti", é hétero”, “Globo procura 9 gays para game show”, parecem nos preocupar mais do que determinadas questões como esta que acabei de mencionar uma vez que são mais discutidas, mais publicadas e mais comentadas.
Precisamos retomar nossa capacidade de pensar e saber focar em que pensar a fim de que a geração futura tenha um legado frutífero de nossa existência.
Permita-me citar o texto Bíblico que reflete a expectativa de Deus em nos criar para habitar na Terra: “Porque a ardente expectação da criatura espera a manifestação dos filhos de Deus. Porque a criação ficou sujeita à vaidade, não por sua vontade, mas por causa do que a sujeitou... Porque sabemos que toda a criação geme e está juntamente com dores de parto até agora”. Romanos 8:19, 20 e 22.
Seja resposta. Pense Nisso.
Fontes:

                                                                                                               

5 comentários:

  1. Maravilhoso,assunto extremamente pertinente. Um dos melhores posts até agora!

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  2. Ficou demais esse texto francesinha! Dá para refletir bastante e procurar mudar em atitudes práticas...

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  3. Amei o texto!!! Nos faz refletir bastante sobre o que está acontecendo no mundo!

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  4. Não gostamos de pensar pois o pensamento gera mudança e mudança nos traz desconforto.
    Seria muito bom praticarmos o nosso pensamento, assim as respostas seriam de transformação.

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  5. Muito bom o texto! Pensar requer tempo e trabalho, fatores desafiadores para nossa sociedade que é movida a reality shows.

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